Elogio à maternidade e à paternidade
Fui mãe a 23 de novembro, mas já era antes disso. Fui grávida-mãe, uma forma de preparação para o que vinha… Mas nada nos prepara.
2020 foi um sonho-pesadelo, pela pandemia e não só. O meu filho Amorim, concebido no dia do amor, nasceu o amor que é e que lhe deu nome. Um bebé lindo, sereno, bem-disposto, sempre cheio de sorrisos para oferecer.
Caçamos o primeiro sorriso dele a dormir e tinha dias de vida…
Mas ninguém nos prepara para ser mãe ou ser pai. Podem falar de birras do sono, mas só as sabemos e conhecemos dentro delas. Podem falar da angústia da vida que muda, mas só a mudar podemos andar; podem falar dos tempos e da falta deles, mas dentro do tempo é que nos orientamos; podem falar que cada bebé é único e nesta unicidade construímos a cumplicidade; podem falar as preocupações, porque dessas se constrói o futuro.
Acho que sou mãe desde que nasci. Não estranho quando digo “meu filho, a mãe ama-te” e sinto que o papel de mãe sempre foi meu.
Quando lhe canto desafinada “Menino D’Oiro”, envergonho o Zeca Afonso, mas os olhos dele brilham e com isso brilha a minha alma.
Nunca fui mãe e sempre fui mãe. Hoje o meu sonho de sempre tem nome e chama-se Amor(im). Cresce todos os dias fora de mim. Tem olhos doces e narizinho pequenino e redondinho como o pai. Acho que fugiu de mim, do meu ventre e volta a mim, nos meus braços.
Temos os filhos para o mundo dizem. Não, temos os filhos para ensinar o mundo e a sociedade que existe amor. Aliás, os filhos vêm ao mundo para nos lembrar que já fomos amor, que somos amor e se quisermos voltamos a ser amor. Para nos lembrar que se formos ego perdemos amor. E de que agora estamos sempre a 3: eu, o Amorim e nós (Anabela + Amorim).
Hoje a matemática do amor contabiliza mais um e menos mazelas, dores e urgências.
Agora, a doença mirra, o Amorim gargalha e faz-me ver que a vida é Amor, por dentro e por fora, com o mesmo nome que o Português sempre deu a esta emoção: Amor-im.
Porque de Amor(im) se contam os dias das mães e dos pais.
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