Se está vivo, viva!
Tantas e tantas vezes surge em conversa com os nossos familiares e amigos o pouco tempo que a vida tem. Falamos de como a vida é curta para deixarmos de falar o que sentimos, guardar mágoas, prendermo-nos a pessoas que em nada nos acrescentam. Falamos em como a vida é demasiado curta para vivermos apenas focados no trabalho, nos estudos, no dinheiro, em termos cada vez mais bens materiais.
Todos nós temos objetivos de vida, e está tudo bem. Uma vida sem objetivos não será uma vida vazia e com pouco sentido?
Uns querem comprar o tal automóvel, outros a tal casa, muitos sonham em ter o seu diploma de curso superior, tantos outros querem trocar a televisão, a mota, o telemóvel. São tantos os objetivos a serem alcançados a curto e a longo prazo. Somos humanos, é normal e talvez necessário que tenhamos alguma conquista material em vista.
A vida não é simples, nunca foi e nunca nos disseram que seria. Todos nós temos problemas de todo o tipo. Mesmo aquelas pessoas que vemos na rua, que expressam um sorriso de orelha a orelha, têm, como diriam os mais velhos, uma cruz a ser carregada. Mas isso não quer dizer que tenhamos que fazer um percurso doloroso e impossível de gerar bem-estar, prazer e leveza. Acredito que ninguém está fadado à infelicidade, à dor.
Atrevo-me a dizer que todos conhecemos pessoas que nunca têm tempo para nada, absolutamente nada, dizem não ter tempo para relaxar e descansar. Pessoas que vivem para o trabalho, de segunda a segunda, quando não é no próprio local de trabalho, levam para casa e desconhecem um dia de leveza, de paz, de estar apenas preocupado com o programa que pode fazer com a família, namorado(a), amigos. Quantos de nós adiam uma saída com os amigos, privam-se de passar um dia a assistir filmes ou séries, afinal, o sentimento de culpa irá dominar no final de um dia em que desligamos por completo da rotina. Tantas e tantas pessoas que estão focadas unicamente em juntar dinheiro para determinada coisa e por isso deixam de fazer inúmeras outras no presente, mesmo sabendo que o dia de amanhã é a maior incerteza que temos.
Não, eu não critico quem procura realizar os seus sonhos, os seus desejos. Eu também tenho os meus! Mas a vida já é excessivamente dura para nos enrijecermos ainda mais. O stress, as doenças psicossomáticas, a depressão, entre outros, estão aí para nos mostrar o quanto precisamos de respirar mais calmamente, de mais leveza e tranquilidade nos nossos dias.
Não se mate a trabalhar ou a estudar, não se mate com preocupações ou paranoias, não mate o seu lado emocional, o seu bem-estar, o seu espírito.
Viva mais tudo o que é bom.
Sinta mais o que há de melhor.
Esteja perto de quem ama.
Tenha tempo para si.
Tenha tempo para ser feliz.
Todos nós queremos alcançar algo, mas não faça esse algo dominá-lo por completo.
O amanhã é incerto.
Nunca, jamais, se esqueça disso.
Um dia tudo isto vai terminar e não levaremos, literalmente, nada desta vida.
Até o nosso próprio corpo um dia irá desaparecer.
A morte é demasiado evidente para duvidarmos que merecemos viver da melhor forma possível esta nossa vida.
Por favor, viva!
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