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Educação: Crise, Oportunidade ou Colapso

As mudanças sociais, culturais e políticos dos últimos tempos levam a que os sistemas educativos sentissem necessidade em responder de forma diferente à necessidade na forma de aprendizagem por parte dos alunos, à expansão da escolaridade e a emergência de maior eficácia educativa. Com a evolução das tecnologias, a internet e o mundo digital, requer-se uma mudança urgente na forma de ensino. A pandemia que estamos a viver, obrigou-nos a encontrar novas formas, introduzir mais a tecnologia, mas ainda temos muito a aprender e melhorar.

O José Pacheco, mestre em Educação da criança pela Universidade do Porto e professor, critica o modelo tradicional de ensino: “Aulas no século XXI são um escândalo. Com aulas ninguém aprende” tal como “Não faz sentido alunos do século XXI terem professores do século XX, com propostas teóricas do século XIX, da Revolução Industrial”.

O que é facto é que os professores também sofrem com esta crise do ensino. Sem dúvida que estamos a viver uma crise a vários níveis e em todos os sectores, mas a crise da educação é óbvia, é preocupante e precisa de novas ferramentas. Acima de tudo uma reestruturação de todo o sistema educativo. A psicoterapia corporal traz este conceito de grounding que trabalhado em clínica com o indivíduo promove uma perceção realística do mundo externo e de si mesmo (Lowen 1982). Ao longo dos anos a psicoterapia corporal tem vindo a receber mais reconhecimento científico e estes conceitos aplicam-se em todas as dimensões da vida, sistemas e enquanto sociedade. Todos as construções duradouras precisam de uma base sólida, de um “chão” seguro. É preciso pensar numa nova educação, uma educação para a incerteza, para a complexidade do mundo atual. David Boadella B.A., M.Ed., Dr.h.c.,Psicoterapeuta SPV e UKCP. Estudou Educação, Literatura e Psicologia, fundador da Biossíntese, inicialmente trabalhou com crianças com dificuldades emocionais. A educação é vista por ele como um processo do saber do mundo interno, que são as percepções que o indivíduo tem de si mesmo, suas sensações emocionais e físicas, e no saber que vem do mundo externo, sua relação com o educador, colegas e com o universo tecnológico que formam o processo cognitivo.

Manuel Castells, o autor de várias obras sobre a era da informação, fez uma interessante intervenção sobre “A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Ação Política”, onde alerta para o facto da política de educação ser um fator-chave para o sucesso da Europa na Sociedade do Conhecimento. A sociedade mudou, os requisitos no mercado de trabalho mudaram muito, o novo tipo de trabalhador solicitado requer uma reconversão total do sistema educativo. É claro que o autor tem em conta as novas tecnologias, mas tal como ele próprio menciona não basta só colocar computadores nas salas de formação, é necessário haver uma literacia tecnológica/digital, novas formas de pedagogia tal como novas formas de organização de conteúdos no processo de aprendizagem. O aprendizado do século XXI é um indivíduo ativo, com acesso a informação contínua, com recursos, qualidades, desafios e capacidades múltiplas, jamais funcionarão os métodos de ensino expositivos ou de reprodução de conteúdos. A psicologia e psicoterapia venham acrescentar que para além de tudo o individuo é um ser único com direito a existir, ser livre e não se submeter às necessidades do outro, ser independente, desejar, estar segura e afirmar-se. Enquanto escrevemos artigos sobre a importância do pensamento crítico, temos a música, a educação física, o desenho, a filosofia como unidades de enriquecimento curricular e não unidades curriculares igualmente importantes como a matemática ou portugues. Como então desenvolvemos o pensamento crítico? De que forma então estamos a respeitar a individualidade da criança/futuro jovem e adulto? Não seremos meros hipocritas escrevendo artigos que satisfazem o nosso Ego?

A educação baseada no modelo de aprender a aprender, ao longo da vida, e preparada para estimular a criatividade e a inovação de forma à e com o objetivo de aplicar esta capacidade de aprendizagem a todos os domínios da vida social e profissional. Temos novos e sólidos conhecimentos na área de psicologia e psicoterapia que são possíveis de adaptar e implementar.

Por exemplo, uma das grandes razões para o sucesso do Modelo Finlandês na sociedade em rede reside na qualidade do seu sistema educativo, em contraste com outras zonas do mundo. Porque? Porque tal como dito acima, o sistema é que sofreu alterações. O “chão”, o “fundamento” é que foi reestruturado. O mesmo sistema com alterações na superficialidade, está apenas a “mascarar” problemas duma educação deficiente. Uma educação deficiente contribui para a evolução duma sociedade doente. Hoje sabemos mais do que nunca que a educação está em crise. Os professores estão desesperados, angustiados, cansados e sem recursos. Os alunos irrequietos, aborrecidos, ansiosos e muitos infelizmente medicados. Será que não está na altura não apenas de nós questionarmos, refletirmos, debatermos mas de mudar algo de imediato?

Artigo by Tatiana Chiochiu

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